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JOHN DEWEY (1) – FUNCIONALISMO E PRAGMATISMO

TEXTO DE APROFUNDAMENTO

 

Funcionalismo

quebracEm 1896, Dewey publicou o artigo “The Reflex Arc Concept in Psychology”, enquanto era professor na Universidade de Chicago. Para muitos, esse artigo marca o início formal da escola de pensamento funcionalista na psicologia norte-americana, bem como sua independência em relação ao funcionalismo europeu. Como vimos no vídeo, Dewey considera que todo comportamento deve ser visto em termos de sua função (adaptar o organismo ao ambiente). Quando separamos os elementos de um comportamento adaptativo, em vez de o enxergamos em sua integralidade, perdemos de vista o aspecto mais importante do comportamento: seu propósito.

Dewey afirma que os elementos de um comportamento não existem em isolamento, na verdade há uma ordem contínua e sequenciada de ações que visam atingir um objetivo final, seja a reprodução da espécie, a preservação da vida, a locomoção até um determinado lugar etc. Percebe-se que Dewey é um evolucionista, por isso ele via a mudança social como inevitável, o ambiente está sempre em transformação, mas ele também considera que essa mudança pode ser positivamente influenciada por planejamentos adequados.

 

Pragmatismo e educação

pragma

Além de ser um dos fundadores do funcionalismo, Dewey também é um nome importante no pragmatismo. Os pioneiros do pragmatismo estavam todos interessados na experiência como forma de unificar dualismos do tipo mente-corpo, sujeito-meio, teoria-prática. Charles Peirce (1839-1914), filósofo e matemático americano, considerava que apenas pela experiência seria possível superar tais dualismos; assim, ele entendia que a melhor forma de se chegar à verdade seria através de experimentos rigorosamente controlados, passíveis de verificação, o que termina por vincular o processo de reflexão filosófica à prática da experimentação científica. William James (1842-1910), filósofo e amigo de Dewey, por seu turno, abordava o conceito de experiência numa perspectiva mais psicológica, mais próxima do conceito de vivência e menos identificada com a experimentação laboratorial. John Dewey, observa seus precursores e procura ampliar o conceito de experiência articulando experiência individual e coletiva: a herança psíquica e cultural individual à herança psíquica e cultural do coletivo. Assim, experiência individual e experiência coletiva eram percebidas, pelo filósofo, como processos intimamente articulados.

No âmbito escolar, essa compreensão traz algumas consequências. A primeira seria o entendimento de que a aprendizagem não pode estar desvinculada das realidades individuais e coletivas (ou sociais) dos alunos. Na educação progressiva (como ficou conhecida a proposta pedagógica de Dewey), o ensino deve estar firmemente ancorado em tais vivências. De fato, Dewey rejeitava qualquer suposição de que a escola prepararia os sujeitos “para a vida”, como se a vida fosse qualquer coisa abstrata a ser construída lá no futuro. A vida é aquela que existe desde o nosso nascimento e que é permeada (entre outras coisas) pela vida escolar, dela não podendo se desvencilhar.

 

Tradicionalistas x românticos

 

tradiromaDewey percebe como falsa a dicotomia entre os tradicionalistas (que enfatizam o ensino dos conteúdos curriculares) e os românticos (que enfatizam o livre desenvolvimento das tendências e interesses das crianças). Para ele, os conteúdos das diversas disciplinas representam a experiência que a humanidade acumulou ao longo da história, logo, guardam relação com a inexperiência ou imaturidade das crianças nessas áreas. Dewey entende ser perfeitamente possível conciliar o estímulo ao desenvolvimento das aptidões e interesses das crianças com a progressiva complexidade dos conteúdos a serem aprendidos. Nas palavras dele,

 

“(Não) [...] há uma oposição (mais que uma diferença de grau) entre a experiência infantil e os diversos temas que constituirão o currículo no decorrer de seus estudos. No que se refere à criança, há de se saber que sua experiência já contém em si os elementos – fatos e verdades – do mesmo tipo dos constitutivos dos estudos elaborados pelos adultos e o mais importante: sob que forma contém as atitudes, os incentivos e os interesses que contribuíram para desenvolver e organizar os programas logicamente ordenados. No que diz respeito aos estudos, trata-se de interpretá-los como o resultado orgânico das forças que intervêm na vida infantil e de descobrir os meios de brindar à experiência da criança uma maturidade mais rica.”

Dewey em “The Child and The Curriculum” - p. 277-278.

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Obras recomendadas:

“John Dewey”, de Robert B. Westbrook.
“The child and the curriculum”, de John Dewey.
“The Praeger Handbook of Education and Psychology”, volumes 1–4, de Joe Kincheloe e Raymond Horn Jr.
“An Introduction to the History of Psychology”, ed. 7, de B. Hergenhahn e T. Henley.

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