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CARL ROGERS (2) – O SELF E A AUTORREALIZAÇÃO

O processo de avaliação organísmico

bussolaQuando somos bebês, agimos de acordo com um conjunto de referências internas, uma bússola interior que nos orienta em nossas ações. Esse sistema de orientação interno (o processo de avaliação organísmico que já vimos no vídeo) está a serviço da tendência atualizadora, ou seja, os comportamentos do bebê estão orientados à busca do crescimento e do desenvolvimento; esse é o critério que o bebê utiliza para julgar uma experiência. As experiências que promovem a atualização são percebidas como boas, aquelas que dificultam essa tendência para desenvolvimento são avaliadas negativamente.

Quando nos tornamos adultos, precisamos avaliar experiências muito mais complexas do que aquelas avaliadas pelos bebês. Faremos julgamentos muito mais sofisticados a respeito de uma série de experiências ligadas a coisas como a carreira, a ética, os relacionamentos, a política e por aí vai, e muitas vezes os julgamentos que fazemos nessas áreas mudam com o tempo; podemos julgar uma obra de arte como bela num determinado momento de nossas vidas e, mais tarde, acharmos que ele é feia ou entediante. Avaliações a respeito de amigos, conhecidos, políticos, médicos, professores, parentes e outras questões não são permanentes, elas se atualizam na medida em nos modificamos ao longo da vida. Além disso, ao contrário dos bebês, os adultos estão expostos a uma série de opiniões externas que vão sendo incorporadas aos seus sistemas de avaliação.

Na visão de Rogers, ao longo do nosso processo desenvolvimental, muitas vezes deixamos que esses valores, opiniões e crenças de outras pessoas se sobreponham ao nosso processo de avaliação organísmico, nossa bússola interior, e nos afastamos da nossa sabedoria interna que nos impulsiona para o nosso crescimento e realização. Uma vez que abandonamos nossos próprios sentimentos e intuições, passamos a fazer escolhas que buscam agradar aos outros em detrimento do nosso desenvolvimento pessoal. Mas por que isso acontece? Essa questão será melhor explicada no próximo vídeo (parte 3), mas em poucas palavras podemos dizer que durante os processos de socialização, às vezes passamos a valorizar mais o afeto das pessoas que nos cercam do que o nosso próprio crescimento, então aprendemos que precisamos agradar aos outros para sermos objeto de suas afeições, o que acaba por nos afastar do nosso desenvolvimento enquanto indivíduos.

 

O autoconceito

autoTodos esses valores, opiniões e crenças que vamos incorporando ao nosso sistema de avaliação passam a moldar o nosso autoconceito, nossa autoimagem, o que acreditamos sobre nós; muitas vezes, essas ideias são limitadoras de nosso potencial. Ideias limitadoras são aquelas que não correspondem às capacidades que já possuímos nem aos nossos potenciais; avaliações a respeito de nós que subestimam o que somos, são limitadoras, mas aquelas que nos superestimam também nos limitam, por não corresponderem ao que somos.

Quando o autoconceito está repleto de ideias que nos subestimam ou nos superestimam, nossa capacidade de crescimento torna-se comprometida, pois nos afastamos das experiências que podem nos proporcionar desenvolvimento real por considerá-las incongruentes com nosso autoconceito. Uma excelente oportunidade de trabalho pode ser perdida por parecer “boa demais” para nós ou, ao contrário, por parecer estar “abaixo” do que acreditamos merecer. O mesmo vale para oportunidades no campo social e afetivo.

Contudo, às vezes nosso autoconceito está em sinergia com o eu real. Isso ocorre quando somos socializados em ambientes nos quais nos sentimos estimulados, amados e aceitos incondicionalmente. Então, utilizamos completamente nosso processo de avaliação organísmico e experimentamos inevitavelmente o crescimento pessoal e o movimento em direção à realização de nossos potenciais. Nas palavras Rogers, esses indivíduos estão a caminho de se tornar pessoas completamente funcionais. Abaixo, apresentamos as características que ele atribui a essas pessoas:

1 – Estão abertas a experiências. Pessoas completamente funcionais não são defensivas, estão abertas a todos os seus sentimentos – medo, sofrimento, doçura, coragem etc. Elas estão totalmente conscientes de suas experiências e as aceitam em vez de distorcê-las ou negá-las.

2 – Vivem de maneira existencial. Pessoas completamente funcionais vivem no presente enquanto suas experiências acontecem, sem prejulgamentos; não se prendem ao passado ou ao futuro, mas são abertas e flexíveis, lidando com as experiências da vida como elas são e descobrindo por si mesmas os significados dessas experiências.

3 – Confiam em seus organismos. Pessoas completamente funcionais fazem o que acreditam ser certo. O que não quer dizer que estejam inevitavelmente corretas, mas que fazem suas próprias escolhas, responsabilizando-se por suas consequências e corrigindo-as se não forem satisfatórias.

4 – São criativas. A abertura a novas experiências com base em avaliações próprias, e a disposição para assumir riscos, resultam em produtos criativos e vidas criativas.

5 – Vidas enriquecidas. Pessoas completamente funcionais vivem vidas mais ricas que as outras pessoas. Não em termos de alegria, contentamento e segurança – embora esses sentimentos estejam presentes nos momentos apropriados -, mas em termos de excitação, desafio, significado e compensação.

 

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Obras sugeridas:

“Theories of Personality”, 7th edition, de Jess Feist e Gregory Feist.

“Theories of Personality”, 9th edition, de Richard Ryckman.

“Theories of Personality”, 9th edition, de Duane P. Schultz e Sydney Ellen Schultz.

“Teorias da Personalidade: da teoria clássica à pesquisa moderna”, de Howard Friedman e Miriam Schustack.

“Personalidade: teoria e prática” de Lawrence Pervin e Oliver John.

“Tornar-se Pessoa” de Carl Rogers.

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3 Comentários | Deixe o seu comentário
  • Eduardo Andrade

    Ótimo vídeo. Pretendem oferecer cursos de formação, aperfeiçoamento à distância?? Parabéns.

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  • MIRIAM FERREIRA DO NASCIMENTO

    Material muito bom

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  • Gláucia Mota

    O canal de vcs é sensacional!!

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